O jogo desta quarta feira, 25, contra o time colorido, tinha tudo para ter como únicos atrativos a possibilidade de encerrarmos de vez o incômodo jejum de dez jogos seguidos sem vitórias contra os rivais, e a chance de obtermos nossa primeira vitória em clássicos jogando no Allianz Parque.
Entretanto, após dois amistosos na pré-temporada e onze rodadas no Paulistão, o torcedor palmeirense começa, aos poucos, a se preocupar com o desempenho da equipe até o momento. Oswaldo de Oliveira, apesar de ter definido o esquema de jogo do time e tentar manter a mesma formação visando acelerar o entrosamento entre os atletas, parece não ter conseguido dar a tal “liga” no time.
O retrospecto até o momento, todavia, é bem favorável: somando os amistosos, conquistamos dez vitórias e apenas três derrotas em 2015 – sendo que, desses três reveses, poderíamos ter saído com a vitória em dois deles, contra Santos e Ponte Preta, e o empate teria sido o resultado mais justo no Derby.
Além disso, pesa a favor de OO que, dos considerados titulares da equipe hoje, apenas Prass e Tobio eram titulares absolutos no ano passado. Mesmo estando no clube em 2014, Cristaldo e Allione não eram escalados – e, quando entravam, ainda jogavam fora de posição. Ou seja, dos onze titulares deste ano, apenas dois estão juntos há mais de três meses – e um deles ainda é goleiro.
O nível técnico do futebol brasileiro hoje exige que os jogadores joguem juntos há pelo menos 6 meses para que possam produzir razoavelmente bem. Ponte Preta, Santos e Eles mantiveram a base do ano anterior e trouxeram reforços pontuais, enquanto que nós há seis meses sequer tínhamos esses argentinos no nosso plantel. É claro que isso faz uma tremenda diferença dentro de campo.
Sabemos, também, que é comum no Paulistão as equipes do interior entrarem sempre fechadas quando jogam contra os grandes – aliás, esse é o único campeonato do mundo onde não vale a pena ter o adversário com um jogador a menos, pois se no 11×11 eles já entram fechados, com uma peça a menos aí que abdicam mesmo de atacar. Mas, ainda assim, não se pode encontrar tantas dificuldades para furar o bloqueio do adversário, até porque neste mesmo torneio contra as mesmas equipe nossos rivais aplicaram impiedosas goleadas.
Por fim, a insistência de Oswaldo no esquema “losango” incomoda – e pior, não se vê à curto prazo qualquer ameaça do nosso treinador em alterar a formação do time. Não demorou mais do que três jogos para perceber, por exemplo, que Robinho não tem tanta qualidade como meia em relação ao que produz quando joga como segundo volante. Se era sabido desde o início de fevereiro que Valdívia seria a enrolation de sempre, que CX só estrearia na Copa do Brasil ou mesmo no mata-mata do Paulistão, e que Alan Patrick ficaria uns jogos de fora, cabia única e exclusivamente a Oswaldo de Oliveira buscar uma solução para que o meio campo da equipe fluísse da forma esperada.
Oswaldo de Oliveira surpreendeu muitos torcedores desde que chegou ao clube. Culto e com os pés no chão, pareceu ter entendido rapidamente não só a grandeza do Palmeiras como também o inexplicável sentimento que nos difere dos torcedores das outras equipes. Suas entrevistas coletivas são sempre interessantes, onde demonstra saber ler os jogos e visualizar as deficiências da equipe, mas até agora não tem conseguido transformar em solução as dificuldades enxergadas.
A pergunta a ser feita no momento e que pode nos dar uma luz sobre o que pode ser feito de hoje em diante é: será que o time vai realmente deslanchar a hora que esse esquema der certo? Dado o histórico recente do treinador e ausência de grandes títulos em seu currículo, a resposta provavelmente é não.
Faltam quatro rodadas para o fim da primeira fase do Paulistão, e pouco mais de um mês para o início do Brasileiro. A expectativa do palmeirense era chegar no estágio atual com um time nota 7, em plena evolução e dando mostras de que a estreia no Nacional seria já com um time nota 9 e campeão Paulista. Até o momento, estacionamos na nota 5, não se vislumbrando qualquer grande progresso à curto prazo, o que diminui a confiança da torcida em um título estadual.
Oswaldo de Oliveira, apesar dos resultados positivos, vive uma situação curiosa, como se estivesse na praia e a água do mar, de forma lenta e quase imperceptível, fosse recuando, recuando, até que em poucos segundos se transformasse em um imenso tsunami e destruísse tudo que estivesse ao seu redor.
Isso é o que vai acontecer se o Palmeiras não vencer o SPFC depois de amanhã. Um time com a urgente necessidade de ser campeão, com todo investimento feito e com a torcida entusiasmada lotando todos os jogos mesmo com um desempenho aquém do esperado não pode se dar ao luxo de “dar tempo ao tempo”, ou dar tempo à Oswaldo, ainda mais com Abel Braga livre no mercado. A hora da mudança tem que ser agora, se não será tarde demais, não só no Campeonato Paulista, como também no Brasileirão.
Autor: Gustavo Lo Re
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