Diego Garcia Barboza (@diegogarbar)
Redação Mídia Palmeirense
A derrota de ontem para o Atlético-PR ainda não foi digerida pelo palmeirense, quando uma notícia muito pior foi divulgada pelos veículos esportivos. A lesão de Gabriel é muito mais séria do que todos esperavam ao final do jogo, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, o que irá tirar o nosso pitbull de campo por pelo menos 6 meses. Ou seja, o volante não atuará mais pelo time em 2015.
Durante a partida, em um lance normal de disputa de bola, Gabriel fez um desarme, mas ouviu um estalo em seu joelho esquerdo e caiu no gramado com dores. Foi atendido pelos médicos do Palmeiras e continuou em campo. Mas algum tempo depois caiu novamente e dessa vez foi retirado do jogo, para a entrada de Andrei Girotto. Nenhuma informação foi dada com maior detalhes. Após a partida, o atleta deu entrevista a algumas rádios contando o ocorrido no lance:
– Fui roubar a bola, ele tirou para o lado, estiquei a perna direita e consegui ficar com a bola, mas minha perna esquerda deu uma caída para dentro, e o joelho deu uma estaladinha. Torci e senti o joelho falso depois. Mas o médico falou que, quando estala, é normal. Estamos bem otimistas. No vestiário, o doutor fez os exames com a mão e não senti dor. Então pode ser uma boa notícia – explicou.
Além do relato do lance, o volante ainda falou sobre como encarou a situação:
– Estou assustado porque nunca passei por isso. Sou um jogador que não tem lesões, sempre estou dentro de campo. Espero que não seja nada. Mas estou um pouco confuso e termos de esperar para saber o que aconteceu – afirmou.
– Já fiz um exame agora e tive uma torção, a princípio, leve no joelho esquerdo. Nunca passei por isso, então não sei como é. Estou um pouco chateado por ter saído e pelo resultado, mas tenho muita fé em Deus – completou.
A entrevista de Gabriel mostrava a preocupação por parte do jogador, que não tem um histórico de lesões e parecia não ter entendido a gravidade do que poderia ter ocorrido. Infelizmente nos exames realizados hoje foi constatada a grave lesão que irá afastá-lo dos gramados por um longo período.
A reação de 1000% da torcida é de muita tristeza nesse momento, pois, além de ser titular absoluto do time e um dos jogadores mais queridos dos palmeirenses, Gabriel é apenas um garoto de 23 anos com uma longa carreira pela frente. Um castigo para todos nessa situação: jogadores, elenco, comissão técnica, diretoria e torcida. Muitos se lembraram da lesão do volante Pierre em 2009 (rompimento do ligamento do tornozelo), que o tirou de campo num momento de extrema importância do Campeonato Brasileiro (setembro), e sua contusão foi uma das responsáveis pela tragédia daquele ano, dada a importância do jogador em campo e a falta de um substituto a altura em sua posição. As situações são parecidas, apesar de, naquele momento, estarmos na liderança do Campeonato com uma larga vantagem para o 2º colocado, ao contrário de agora, que estamos na briga pelo G-4 e com um mês de campeonato a menos.
Apesar da triste situação, nem tudo está perdido. Diferentemente daquele ano em que tínhamos um elenco limitado em termos de quantidade, podemos dizer que somos o (ou um dos) time(s) do Brasil com o maior número de atletas por posição. Só que com a lesão de Gabriel perdemos uma opção e contamos com apenas 3 volantes de origem no grupo: Arouca, Amaral e Andrei Girotto. Mas, no meio-campo, parecemos ter outras 3 peças que podem ser remanejadas (dependendo da opção de Marcelo Oliveira) para esse setor (Robinho, Zé Roberto e Cleiton Xavier), na tentativa de manter o padrão tático que vinha sendo utilizado até agora ou até mesmo implementar um novo esquema para o time. Vamos à análise dos jogadores, começando pelos números de Gabriel:
GABRIEL
Segundo o mapa de calor do jogador, sua grande área de atuação é a faixa central do campo, onde dá maior proteção para a zaga, e caindo pelo lado esquerdo, setor onde tem liberdade para avançar para o ataque e onde deve fazer a cobertura das subidas de Egídio. Pelo lado direito também vemos que o jogador tem grande mobilidade (um pouco menos do que nas outras regiões) para defender e atacar.
Estatísticas de 2015:
Passes Certos: 1584 (656 no Campeonato Brasileiro)
Desarmes: 116 (57 no Campeonato Brasileiro)
Finalizações Certas: 10 (6 no Brasileiro)
Finalizações Erradas: 20 (8 no Brasileiro)
Gols: 2 (1 no Brasileiro)
Faltas cometidas: 20
Faltas recebidas: 47 (16 no Brasileiro)
– Ele é o maior desarmador do time e o 3º no geral do Campeonato Brasileiro.
– 5º maior finalizador do time.
– Jogador de linha que mais atuou no ano (38 partidas).
– Líder do Campeonato em viradas de jogo certas (35).
AROUCA
Analisando o mapa de calor de Arouca, vemos que o volante tem atuação predominante pelo setor direito do campo e costuma chegar bastante no apoio por essa área. A sua área vai diminuindo em direção ao meio do campo e no lado esquerdo perde bastante força na defesa (tem boa presença especificamente no circulo central para a esquerda) e aparece como opção de apoio pelos dois lados.
Estatísticas de 2015
Passes Certos: 677 (329 no Campeonato Brasileiro)
Desarmes: 53 (26 no Campeonato Brasileiro)
Finalizações Certas: 2 (1 no Brasileiro)
Finalizações Erradas: 10 (2 no Brasileiro)
Gols: 0
Faltas cometidas: 23
Faltas recebidas: 27 (10 no Brasileiro)
– Ele é o 6º maior desarmador do time e o 70º no geral do Campeonato Brasileiro.
– Participou de 26 partidas do time no ano.
AMARAL
Segundo o mapa de calor de Amaral em 2015, o volante tem uma presença muito forte pelo setor esquerdo do campo até o meio de campo. É um jogador de menor mobilidade em campo e sem muita força no apoio. O seu mapa indica que fica mais postado no meio e como reforço na frente da zaga.
Estatísticas de 2014
Passes Certos: 951 (907 no Campeonato Brasileiro)
Desarmes: 70 (67 no Campeonato Brasileiro)
Finalizações Certas: 7 (7 no Brasileiro)
Finalizações Erradas: 9 (8 no Brasileiro)
Gols: 2 (2 no Brasileiro)
Faltas recebidas: 20 (16 no Brasileiro)
– Como o jogador atuou em apenas 12 partidas no ano, preferimos pegar as estatísticas de 2014, quando jogou pelo Goiás, para ter uma base melhor de dados. Em 2014 ele fez 33 partidas contando o Brasileiro Série A e Copa Sul-Americana. Os outros jogos do ano não foram analisados.
ANDREI GIROTTO
O mapa de calor de Girotto em 2015 mostra que a atuação do volante se resume praticamente a parte defensiva do lado direito do campo até o meio, e em sentido ao ataque avança um pouco depois do meio de campo apenas.
Estatísticas de 2014
Passes Certos: 943
Desarmes: 95
Finalizações Certas: 24
Finalizações Erradas: 56
Gols: 5
Faltas recebidas: 40
– Apesar de termos utilizado o mapa de calor de atuação de Girotto em 2015, optamos por utilizar os dados de 2014 quando atuou em 39 partidas (Série B, Camp. Mineiro e Copa do Brasil), pois os dados de 2015 são insuficientes para uma análise.
ROBINHO
O mapa de calor de Robinho mostra que a atuação do jogador é predominante do meio campo em direção ao ataque. Sua presença mais forte é no apoio pela direita e em menor nível pelo meio e lado esquerdo. Na defesa a sua presença não aparece como marcante.
Estatísticas de 2015
Passes Certos: 1080 (376 no Campeonato Brasileiro)
Desarmes: 47 (21 no Campeonato Brasileiro)
Finalizações Certas: 19 (6 no Brasileiro)
Finalizações Erradas: 32 (13 no Brasileiro)
Gols: 6 (0 no Brasileiro)
Faltas recebidas: 37 (17 no Brasileiro)
– Ele é o 7º maior desarmador do time
– 5º maior finalizador do time.
– 21 lançamentos certos (4º melhor do time)
– Atuou em 31 jogos no ano.
CLEITON XAVIER
O mapa de Cleiton Xavier foi o que causou maior surpresa até o momento. Defensivamente o jogador apresentou forte presença em todos lados do campo e ofensivamente tem a maior parte de suas chegadas pelas laterais do campo. Na região do círculo central ele tem forte presença, mas, ao se aproximar da área, mostra preferência pelo lado esquerdo.
Estatísticas de 2015:
Passes Certos: 231 (105 no Campeonato Brasileiro)
Desarmes: 8 (5 no Campeonato Brasileiro)
Finalizações Certas: 3 (1 no Brasileiro)
Finalizações Erradas: 7 (3 no Brasileiro)
Gols: 0
Faltas recebidas: 8 (4 no Brasileiro)
– O jogador atuou em somente 13 partidas, a maioria como reserva.
ZÉ ROBERTO
O mapa de calor de Zé Roberto mostra que mesmo com o jogador atuando como lateral-esquerdo, sua predileção pelo ataque é muito maior do que pela defesa, apesar de ter uma faixa de presença forte próximo a linha de fundo defensiva. A sua faixa de atuação principal é no lado esquerdo, começando um pouco antes do meio-campo e chegando até a linha de fundo adversária. Um pouco de presença no meio e de resto muito espalhado pelos outros setores do campo.
Estatísticas de 2015
Passes Certos: 997 (325 no Campeonato Brasileiro)
Desarmes: 49 (18 no Campeonato Brasileiro)
Finalizações Certas: 12 (5 no Brasileiro)
Finalizações Erradas: 13 (8 no Brasileiro)
Gols: 4 (1 no Brasileiro)
Faltas recebidas: 31 (15 no Brasileiro)
– Ele é o 9º maior desarmador do time.
– Atuou em 28 partidas
Com toda essa quantidade de dados coletados, o que o torcedor palmeirense imagina que Marcelo Oliveira fará?
Como pudemos ver, os 5 candidatos a ocupar a posição de Gabriel aparecem abaixo do jogador em todos os quesitos. Apesar de ele ter feito mais partidas que os outros, os seus números de passes certos são muito superiores mesmo aos dos meias e o número de desarmes bem acima aos de Arouca, seu companheiro como volante e titular do time. Vemos que as atuações dos dois são complementares: Arouca fica com o lado direito do campo e apoia bastante, enquanto que Gabriel toma conta do lado esquerdo, faixa central e proteção a zaga. Com liberdade para chegar ao ataque em alguns momentos.
Então quem poderia encaixar melhor nessa posição?
Se fôssemos pensar pela região de atuação, Amaral, Zé Roberto e Cleiton Xavier são os jogadores que mais aparecem pelo lado esquerdo do campo. Amaral em termos de marcação faria o papel mais próximo (dificilmente em termos de qualidade e sim de posicionamento na esquerda), mas com uma mobilidade muito mais reduzida pelo campo e chegada ao ataque bem inferior. Com ele em campo, Arouca poderia continuar com as suas chegadas ao ataque. Cleiton Xavier até agora parece ter atuado (pelo seu mapa) na parte defensiva e os seus melhores momentos foram armando o jogo de trás. Mas ele não tem ritmo para atacar e voltar durante todo o jogo e, com ele em campo, Arouca teria de ficar mais fixo na proteção a zaga, mexendo no esquema de Marcelo Oliveira. Zé Roberto atuou na maior parte dos jogos pela lateral esquerda, mas perdeu a posição para Egídio. Um dos maiores motivos parece ter sido a sua “fragilidade” na marcação e a vocação ofensiva do jogador. Jogando como lateral ou meia, ele aparece muito forte no apoio por aquele lado, mas encaixá-lo como volante pode sobrecarregar a parte defensiva do time e Arouca teria de ficar preso como um cão de guarda.
Andrei Girotto é o mais inexperiente dos atletas citados, mas se está no Palmeiras é porque despertou o interesse de quem viu os seus jogos pelo América-MG pela Série-B. Atua mais como um segundo volante, mas até agora nos jogos pelo Palmeiras ficou bastante restrito a parte defensiva e pelo lado direito (onde Arouca atua). Caso Marcelo Oliveira opte por ele, um dos dois jogadores será deslocado para o outro lado, mas pode ser que ele consiga dar uma mobilidade mais próxima a de Gabriel do que os outros. E por último Robinho, titular do meio-campo do Verdão, mas olhando para as suas atuações e presença em campo, vemos que o jogador prefere atuar na parte ofensiva do time, apesar de recompor na marcação no meio de campo. Não tem muita atuação na parte defensiva (aparentemente), mas talvez pudesse ser recuado para exercer o papel de 2º volante (com Arouca mais preso) e um dos meias a sua frente. Com a entrada de Cleiton Xavier como 2º volante, Robinho poderia continuar na sua posição.
Como vemos, existem algumas possibilidades para a substituição de Gabriel. E, em último caso, a contratação de um novo volante poderia ser discutida. Parece difícil, já que em nossa opinião Gabriel é o melhor volante do Brasil no momento e substitutos à altura, também são titulares absolutos em seus respectivos times. Provavelmente a solução deverá ser caseira e Marcelo Oliveira terá de quebrar a cabeça para manter a engrenagem do meio de campo funcionando com equilíbrio entre defesa e ataque.
Começaram os problemas do Campeonato Brasileiro, mas eles chegarão para todos. Infelizmente dessa vez o azar pousou no Verdão. Esperemos que pare por aqui.
SAUDAÇÕES PALESTRINAS!