O goleiro Fernando Prass chegou ao Palmeiras no final de 2012, e, menos de 4 anos depois, o camisa 1 vê a coroação de seu excelente trabalho na equipe alviverde
“Eu estava em casa arrumando as crianças para a escola, estava na expectativa. Quando as pessoas começaram a falar muito, eu nem gostava de ouvir. Tinha esperança, e até um certo grau de confiança, mas sempre tem expectativa. Ainda bem que o meu foi o primeiro nome e o Gabriel (Jesus) o último. Se fosse ao contrário, eu ficaria mais tenso (risos)”, brincou. “Quando você é jovem como o Gabriel, já foi para as seleções de base e vinha sendo chamado, até por ser jovem e ter talento, é mais fácil. Com a idade mais avançada, as coisas ficam mais restritas e tem muito preconceito. E às vezes a idade engana, às vezes você pega um menino novo e brinca falando que a lataria está boa, mas o motor já está ruim (risos). Eu estou bem fisicamente e com motivação para treinar e jogar, assim como o Gabriel”, emendou.
O arqueiro palmeirense, por sua vez, espera ser uma das referências do time brasileiro.
“Em termos de liderança, é difícil falar até porque é um grupo que eu não conheço. Quando se forma um grupo muito em cima da hora, tem de entender a característica de cada um, ver aonde se encaixa e como as coisas funcionam. A questão da liderança sai ao natural, mas lógico que se espera uma postura diferente de um jogador mais velho. Tomara que eu passe algo para eles, mas o grupo é feito de trocas. Não só eu passarei como eles também. Como não teremos muito tempo de convivência, esse período na Granja (Comary) será muito importante para que a gente se conheça”, afirmou, falando também sobre a convocação do jovem Gabriel Jesus, companheiro no Verdão.
“São situações parecidas, mas, se for entrar na vida de cada um, são situações diferentes mesmo. Eu, com quase 38 anos, tenho objetivos em comum com o Gabriel, mas outros totalmente diferentes. O Gabriel sonha em fazer sucesso lá fora, assim como todos os jovens jogadores que estão começando a carreira, e eu não tenho mais essa ambição. Eu quero fazer uma história bonita no Palmeiras e vincular a minha imagem ao Palmeiras. E, quando eu parar de jogar, as pessoas falarem: ‘É o Prass, goleiro do Palmeiras’. Até porque estou em outro momento da carreira, tenho de profissão o que o Gabriel tem de vida”, comentou.
Prass, inclusive, quer ainda mais em sua trajetória como jogador de futebol, apesar dos 37 anos.
“Está chegando ainda (o auge da carreira), o cara nunca pode se dar por satisfeito. Mesmo com os 37 anos, eu estou crescendo na carreira, isso é o mais importante, e até a mim surpreende. Não tem como você saber como o corpo reagirá com a idade, só passando por tudo mesmo. E eu sou um felizardo porque o meu corpo está respondendo bem”, explicou o goleiro, que sonha com uma oportunidade na Seleção Brasileira principal.
“Depois de tudo que passei nos últimos tempos, batendo pênalti em final, que nunca imaginei, sendo chamado para a Olimpíada, trabalharei como sempre fiz e deixarei as coisas acontecerem naturalmente. Se eu for merecedor, estarei sempre sonhando até o último minuto da minha carreira”, finalizou o camisa 1.
Fernando Prass no Palmeiras
Desde o fim de 2012 no clube, o goleiro soma 191 partidas, com 103 vitórias, 38 empates e 50 derrotas. Ele, com contrato até o final de 2017, é no momento o 80º jogador que mais atuou na história e o 8º goleiro com mais prélios. No século XXI, ele é também o 8º com mais confrontos, ao lado de Mauricio Ramos. Em 2016, ele é o único do elenco com participação de 100% em todos os 36 duelos do Verdão.
Antes do Palmeiras, Prass foi ídolo e contabilizou histórias longevas também no Coritiba (186 jogos) e Vasco da Gama (248). Revelado pelo Grêmio, clube pelo qual atuou por dez anos, o arqueiro fez também carreira fora do país: entre 2005 e 2008, defendeu as cores do União Leiria-POR. No time luso, conquistou o prêmio de melhor goleiro do Português em 2006/2007 (concedido pelo jornal A Bola) e ajudou a classificar a modesta equipe à Copa Uefa (atual Liga Europa) do ano seguinte.
“Ele tem esse perfil de liderança. Tenho muitas informações, ele é o capitão de sua equipe e um jogador que exerce grande liderança. Atualmente, no Brasil, ele tem se destacado e vem fazendo ótima campanha com o Palmeiras. Vamos disputar um torneio que pode ser resolvido nas penalidades, e ele já provou estar apto a isso, que tem essa experiência”, afirmou o técnico Rogério Micale, da Seleção Brasileira Olímpica, detalhando ainda mais sobre a escolha do palestrino para ser um dos mais experientes da equipe nacional.
“São vários fatores técnicos e ele tem perfil agregador. É um jogador que quer ganhar sempre e queremos um atleta assim na Seleção. Ele tem qualidade técnica e sabe a importância de estar vestindo a camisa da Seleção, a relevância de representar nosso país, ter amor por fazer isso. A nossa motivação, hoje, além da medalha, é estar vestindo a camisa da Seleção. O Fernando Prass se enquadra neste perfil”, completou.