Após a temporada de preparação, chegou a hora de encararmos emoções mais fortes com o Palmeiras em 2017. Estão preparados?
Carlos Massari (@carlosmidiasep)
Colunista da Mídia Palmeirense
Se você costuma acompanhar séries de televisão, já deve ter percebido que elas seguem quase sempre a mesma fórmula: nos primeiros episódios, os personagens são apresentados e também a trama. Quando o público consegue se localizar e entender o que está acontecendo, o enredo começa a verdadeiramente andar. Será possível fazer teorias sobre o que virá adiante e pensar no que você quer que aconteça. É aí que chega o momento decisivo, onde os plot twists surgem, a resolução de alguns conflitos é entregue e o vício vence de vez.
Isso não é, obviamente, exclusividade das séries de televisão. Boa parte dos itens servem para qualquer narrativa. Filmes, livros, contos, algumas músicas, jogos de video-game, talvez a própria vida. O que eu estou fazendo nesses dois primeiros parágrafos? Apresentação. Dizendo a vocês qual é o tema para que eu possa desenvolver mais. Sim, eu gosto de metalinguagem.
O fato é que a temporada 2017 da série “Sociedade Esportiva Palmeiras” terminou a sua fase de apresentação. De agora até o final do ano, não existirão mais jogos inúteis, daqueles que você fica entediado assistindo. Já conhecemos os personagens, escolhemos de quem gostar ou não, visualizamos o cenário geral. As primeiras tramas estão prestes a serem resolvidas – e trarão sérias implicações no decorrer do ano.
Eduardo Baptista é o personagem mais controverso. Alguns espectadores gostam dele, outros odeiam. Ele apresentou alguns pontos positivos, fazendo o time atuar bem em alguns jogos, rodando o elenco e demonstrando confiança em seu estilo de jogo. Também errou, sobretudo por ter dificuldades em mudar o aspecto de partidas nas quais a equipe não se apresenta bem e por ter, lá no começo, mexido radicalmente na herança deixada por Cuca.
Todos nós torcemos para que se mantenha vivo na trama, o que significaria que o time vai bem nas competições. Mas, caso erre e cause problemas que não gostaríamos de ver, pode começar a ser desgostado em proporções perigosas.
Acredito que gostamos de todos os outros personagens novos. Guerra e Borja ainda não mostraram por aqui tudo que costumavam apresentar no futebol colombiano, mas sabemos do potencial absurdo que ambos tem. Raphael Veiga tem muito talento e será um coadjuvante útil. Michel Bastos também pode ser decisivo. Felipe Melo chegou para ser protagonista e é cativante e raçudo o suficiente para isso. Keno tem velocidade e habilidade, já marcou gols importantes e pode mudar o decorrer de um embate. Willian será o homem que vive na sombra do estrangeiro, mas que também faz o enredo caminhar positivamente. Ainda só não sabemos muito sobre Antônio Carlos e Hyoran.
Ou seja, as cartas estão na mesa. Agora cabe ao destino e aos deuses do futebol, roteiristas dessa série, desenhar como serão os próximos capítulos.
A primeira trama que se aproxima da resolução é o Campeonato Paulista. A primeira fase foi tranquila, até mesmo entediante em alguns momentos. Isso acabou: o próximo episódio já é fundamental e significará ou uma eliminação inaceitável diante de um clube pequeno, ou um provável clássico em uma semi-final. De uma forma ou de outra, teremos plot twists ou emoções sérias.
Mais importante, chega o final da primeira fase da Libertadores. Tudo parece bem encaminhado e o público espera que nenhuma peça seja pregada. O grupo é relativamente fácil, a liderança isolada após duas rodadas ajuda e o prognóstico é positivo. Sabemos, porém, que não existe série de sucesso sem muito drama. E se o fracasso acontecer aqui, provavelmente cabeças rolarão.
Os próximos capítulos alviverdes prometem muito. Se fosse um seriado qualquer, eu estaria esperando ansiosamente para baixar os torrents e assistir no meu computador. Como é futebol, também aguardo ansiosamente, mas a televisão e o estádio proporcionam experiências mais satisfatórias.
Que o roteirista não seja George R. R. Martin e que o inverno não chegue para o Palmeiras de 2017. Somos capazes de nos divertir com um time jogando bonito e vencendo tudo, sem precisarmos de fortes emoções.
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