Em 8 meses, a confiança do palmeirense, que estava na estratosfera, virou melancolia. O que aconteceu?
Carlos Massari (@carlosmidiasep)
Colunista da Mídia Palmeirense
Janeiro de 2017. Campeão brasileiro, o Palmeiras tem um time poderoso. A dupla de meio-campistas formada por Tchê Tchê e Moisés dominou os campos na campanha, o zagueiro Yerry Mina é uma torre intransponível, os atacantes Dudu e Roger Guedes são rápidos e letais. Mas ainda sem achar isso suficiente, a diretoria ousa e traz os dois principais atletas do Atlético Nacional, vencedor da Libertadores da América: Miguel Borja, o atacante que balançou todas as redes possíveis, e Alejandro Guerra, um autêntico maestro. Também chegam nomes como Felipe Melo e Michel Bastos. A confiança do palmeirense estava na estratosfera.
Pra tudo se acabar em agosto.
Muita coisa aconteceu nesse meio tempo que podemos usar para justificar o fracasso do Palmeiras de 2017. Tchê Tchê esqueceu como se joga bola e Moisés sofreu uma grave lesão, Miguel Borja deixou seu futebol na Colômbia, Felipe Melo simplesmente foi Felipe Melo. Aconteceram muitos erros de planejamento e o time não se encontrou mais em campo. Bateu cabeça. Decidiu se limitar a cruzar a bola na área. Não dando certo, cruzar de novo. E cruzar de novo. Cruzar de novo. Mais uma vez. Cruzar de novo. Cruzar de novo. Até o tempo acabar.
Tanta coisa deu errado que estamos nos perguntando pra onde seguir daqui. Quais as mudanças que precisam ser feitas no time? Por que Cuca não consegue implementar nenhuma das características do time de 2016? Onde foi parar a marcação pressão, quando que a bola parada, que era mortal no ataque e intransponível na defesa, se transformou em uma dor de cabeça gigante, em que ponto da vida que a verticalidade desapareceu. Hoje, o Palmeiras não tem nenhuma sombra de inspiração. Se fosse um escritor, precisaria de uma boa cachaça, mas como time de futebol é tudo bem mais difícil.
Uma semana e meia atrás, a bola do ano foi responsabilidade de Egídio. Talvez o jogador mais contestado do nosso elenco foi aquele que cobrou a penalidade máxima decisiva. Sim, Deyverson não quis bater. Sim, Michel Bastos poderia ter sido usado no setor naquele jogo – apesar de não estar sendo superior em nenhum quesito. Mas tudo isso nos mostra, na verdade, o caos que foi a administração desse elenco, o desequilíbrio que houve entre as contratações megalomaníacas e o simples ato de olhar para dentro de si e reconhecer as fraquezas. Como o fato absoluto de não existir nele um lateral esquerdo viável.
O nosso ano acabou no começo de agosto. Esperávamos ganhar tudo, agora assistimos de forma melancólica a um time que se arrasta dentro de campo enquanto tenta garantir uma vaga na competição continental do ano que vem. Um time que não tem nenhuma criação de jogadas, que não sufoca os adversários, que deixa qualquer um tabelar com facilidade. Todos estão perdidos, sem saber para onde correr ou para onde tocar a bola.
O Palmeiras de 2017 vai ficar marcado na história. Como o Flamengo de 2000, que contratou Alex, Gamarra, Edílson, Denílson e outros e não decolou. Cuca precisa encontrar a fórmula correta, mexer nas peças, parar de insistir em ideias que não funcionam. Nós vivemos em uma era pós-apocalíptica alviverde, e o momento é de assentar a terra arrasada.
Fora isso, vem aí mais um cruzamento na área. E outro. E mais um. Olha ali, direto na mão do goleiro. Mais um cruzamento. Outro cruzamento. E um escanteio curto, por que não?