Líder do campeonato com muita folga desde o começo, o nosso maior rival está agora jogando um futebol de acordo com o elenco que tem
Carlos Massari (@carlosmidiasep)
Colunista da Mídia Palmeirense
O rival coloca Alceu Valença para tocar e começa a cantar internamente: “Tu vens, tu vens. Eu já escuto os teus sinais”. Não, não é sobre o título – outrora aparentemente imperdível – que ele canta. É sobre o Palmeiras.
Desde que Alberto Valentim assumiu o comando do alviverde, são três jogos e três vitórias. Oito gols marcados e dois sofridos. O aproveitamento perfeito, porém, não é o que mais impressiona – Cuca também chegou a engrenar alguns triunfos em sequência. Se a esperança de ultrapassar em breve os rivais da zona leste é o sentimento que toma conta do palmeirense no momento, é porque o time voltou a jogar futebol.
Dos oito gols marcados nesses três jogos com Valentim, nenhum saiu de chuveirinho ou bola parada. O Palmeiras é um novo time que joga com bola no chão, com tabelas e aproximações. Que tem o controle do jogo no meio-campo e não cede muito espaço ou oportunidades para os adversários – nesse domingo, na vitória por 3 a 1 sobre o Grêmio, o adversário mal ameaçou nosso gol e finalizou apenas seis vezes nos noventa minutos. E o talento individual, que é muito grande em todos os setores, começa a aparecer como deveria ter acontecido em todo o 2017.
Keno cresceu muito de rendimento e teve duas partidas seguidas como melhor em campo. Dudu foi decisivo, aparecendo para armar e para marcar. Moisés já foi às redes duas vezes e tem sido mais uma vez o dono do meio-campo. Borja, vejam vocês, fez ótimas apresentações contra Ponte Preta e Grêmio, marcou gol depois de meses, finalizou com perigo e participou de boas tabelas. E até mesmo Fernando Prass se parece novamente com o goleiro que aprendemos a tratar como ídolo em temporadas anteriores.
Pode ser cedo para se empolgar e pode ser tarde para buscar o título. No momento, o que nós fazemos é aproveitar o pequeno espaço de bom futebol demonstrado por esse Palmeiras de 2017 sobre o qual tínhamos tantas expectativas. Mas a cada novo triunfo convincente do Palmeiras e a cada novo tropeço do Corinthians, o sonho de um título – que seria o mais improvável da nossa história – cresce.
O Derby acontece daqui a duas semanas e pode ser jogado com a distância entre três e nove pontos. Meu palpite é que ela será de seis, como é nesse momento. Será o confronto entre o líder, mas que não joga bom futebol e que parece estar em uma espiral de crise, e um perseguidor em excelente fase. Nós sabemos que em Palmeiras x Corinthians não existe favorito e que esse é o jogo mais tenso e mais imprevisível que existe no futebol brasileiro. Mas pelo que os rivais vem apresentando dentro de campo, nossas chances são excelentes.
E o corinthiano vai girando o botão do volume e cantando “Tu vens, tu vens. Eu já escuto teus sinais”. Eu quero que haja um atropelamento. Que eles nem percebam que já foram ultrapassados, que o título virá para o Allianz Parque mais uma vez. É cedo para se empolgar. É tarde depois da distância que eles abriram. Mas aqui é Palmeiras. No passado recente, nós reaprendemos o que é ser campeão.
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