Mais uma vez, Palmeiras é operado dentro de casa contra rival. Enfrentar Federação Paulista é necessário.
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Carlos Massari (@carlosmidiasep)
Colunista da Mídia Palmeirense
Quando o Palmeiras perdeu para o Corinthians na primeira fase do Campeonato Paulista com influência direta da arbitragem, engrossei o couro de “não adianta reclamar depois de jogar tão mal”. Infelizmente, a situação voltou a se repetir na grande decisão da mesma competição – derrota com um futebol abaixo do esperado, juiz decidindo a partida a favor dos rivais. Só que dessa vez não há como ficar quieto. Não é só a gravidade dos fatos específicos, mas também a reincidência.
O Palmeiras foi operado dentro de casa por um árbitro que sucumbiu à pressão dos rivais. Dois pênaltis não marcados, um deles claríssimo sobre Miguel Borja ainda no primeiro tempo, poderiam ter mudado totalmente o rumo da partida. Se o futebol nos decepcionava, pelo menos não era tão ruim como em outras ocasiões.
Afinal, chances foram criadas. Com Willian e Marcos Rocha no primeiro tempo, faltou capricho nas finalizações após boas trocas de bola. Chutes de longe de Moisés e Bruno Henrique poderiam ter entrado, mas os atletas transpareceram um psicológico abalado ao isolarem boas chances. A posse de bola foi massacrante e o rival não passava da metade do campo. Faltou pouco para o empate sair – isso já considerando os dois penais não marcados.
Mas o absurdo, a vergonha, a catarse da sujeira de um inimigo atroz estava por vir. Quando o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza finalmente apontou para a marca da cal em lance envolvendo Dudu e Ralf, os ânimos se acenderam no Allianz Parque. Era a maior oportunidade para empatar a partida e comemorar o título, visto que o adversário não parecia ter qualquer força de reação. O que aconteceu a seguir foi um espetáculo grotesco.
Pressionado pelos atletas rivais, Marcelo passou oito minutos ponderando até anular a penalidade. Oito minutos. O apito inicial foi com uma convicção que desapareceu a cada tique do relógio, a cada palavra de um jogador vestindo preto e branco em seus ouvidos. E pelo que as imagens nos monstram, foi a interferência externa – proibida pelas regras – que definiu os rumos do campeonato.
As imagens divulgadas por Esporte Interativo, feitas pelo setorista Rodrigo Fragoso, e ESPN (em menor escala), na análise de Sálvio Spínola, levam a uma conclusão clara de que não veio do juiz principal, nem do quarto árbitro, a informação de que Ralf tocara a bola antes de acertar Dudu. Assim, mais uma vez o Palmeiras é prejudicado enfrentando o único clube que tem direito a VAR no Brasil mesmo tendo votado contra o uso do mesmo.
É difícil ser isento nessas horas. Como torcedor, o coração fala alto, o ódio pulsa na garganta, o sangue ferve. Eu respeito todos os rivais, tento tratá-los com cortesia e colocá-los em um patamar digno. Essa é a função do jornalista, coisa que também sou. Só que o Corinthians deixou a condição de rival para alcançar a de inimigo. O que existe do outro lado é uma máfia, um império de imundície, é a sujeira, é o puro mal encarnado em forma de futebol.
Ainda assim, vou tentar enumerar os fatos com isenção. Gostaria de lembrar que eles remetem apenas à minha opinião pessoal:
1. Não há pênalti. Ralf, mesmo que levemente, toca a bola. (Edit: Após rever o lance pela câmera traseira, mudo de ideia: foi pênalti sim, e muito).
2. Ainda assim, é um lance muito difícil e interpretativo. Tenho dúvidas mesmo depois de vê-lo em infinitas câmeras.
3. Pênaltis assim são marcados aos montes a cada domingo de futebol. Normalmente, há uma reclamação normal que passa. Bola pra frente.
4. Como do outro lado estava o império da imundície, contra o qual marcações da arbitragem são impossíveis, a reclamação é desproporcional e grotesca.
5. Essa reclamação dá tempo para que venha a informação externa.
6. O árbitro, inicialmente convicto, tenta dispersar os atletas que reclamam.
7. Enquanto a confusão ocorre, o quinto árbitro recebe a informação que a TV disse que o pênalti não aconteceu.
8. O quinto árbitro avisa ao quarto árbitro, que avisa a Marcelo.
9. O pênalti é cancelado e revertido em escanteio.
10. Efeitos psicologicos óbvios recaem sobre o Palmeiras, que não tem mais forças para reagir no tempo normal ou nos pênaltis depois de tamanho absurdo.
A equipe alviverde ainda foi heróica após esse acontecimento e continuou batalhando. Teve novas boas oportunidades, uma delas inacreditavelmente perdida por Thiago Santos, sozinho debaixo da trave. Essa mesma equipe lidera seu grupo na Libertadores, tem duelo importante na quarta-feira diante do Boca Juniors e apresentou bom futebol na maior parte dos duelos de 2018. Ao time do Palmeiras, todo o meu apoio. Todo o orgulho de saber mais uma vez que estamos do lado correto.
Enquanto isso, a guerra precisa ser declarada aos inimigos claros: Corinthians e Federação Paulista de Futebol. Não há mais porque aturar tanta sujeira, principalmente dentro da nossa casa. Jogamos três vezes contra eles em 2018 por essa competição e fomos prejudicados em todas, duas vezes em circunstâncias muito suspeitas com árbitros voltando atrás em suas decisões. Para sairmos de campo com o troféu nesse domingo, tínhamos muito mais que um time do outro lado, tínhamos um exército de sujeira e roubos.
A declaração de Maurício Galiotte após o apito final não pode ser só sangue quente após ver seu time assaltado dentro de casa. Tem que ser uma declaração de guerra à Federação a ser levada a ferro e fogo. Caso a partida desse domingo não seja anulada, o Palmeiras não pode jogar o Campeonato Paulista 2019 com seu time principal.
O Palmeiras não precisa do Campeonato Paulista – até pelo contrário, ele mais atrapalha do que ajuda. O Campeonato Paulista precisa do Palmeiras, e muito. É o time que mais gera receita para a Federação.
Minha sugestão: jogar o Paulista 2019 com o time sub-20, com ingressos a 10 reais, dando a oportunidade aos torcedores mais pobres de também frequentarem nosso estádio. Sem preocupações. Que a Federação Paulista de Futebol sinta na pele o que é desrespeitar um gigante.
E quanto ao Corinthians, que cada jogador no nosso elenco se lembre de tudo que aconteceu nesse campeonato em cada um dos próximos duelos. Deixar o sangue em campo é obrigação. Cada partida contra eles vai, mais do que nunca, ser uma guerra. Uma guerra de um time contra um exército equipado por muitos fatores nefastos, mas uma guerra que temos condições de vencer. De peito estufado, sabendo que a vitória é contra tudo e contra todos.
Edit 2: A nota divulgada pelo Palmeiras na segunda-feira tem todo o apoio desse colunista. As medidas de árbitro de vídeo no campeonato e gravação da comunicação interna da arbitragem dariam uma nova idoneidade à disputa que hoje está em falta. A implantação delas é, de fato, a única forma aceitável de interromper o rompimento com a federação.
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