O que o Valdívia quer do Palmeiras? E o que o Palmeiras quer dele… dá pra entender?
François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, filosofo iluminista francês que viveu em meados de 1700 já dizia: “Como é duro odiar os que gostaria de amar”. Será que além de filósofo ele via o futuro de um certo time alviverde brasileiro? Talvez, afinal nossa torcida vive uma relação de amor e ódio com o venezuelano naturalizado chileno camisa 10 do time… e com razão.
Desde sua volta ao Palmeiras no dia 26 de julho de 2010, esteve presente em 138 jogos, com 17 gols marcados, 45 cartões amarelos e 4 vermelhos. Neste mesmo período o Palmeiras jogou 312 vezes, contabilizando a baixa frequência de 44,2% em todas as partidas. No total pelo clube (1a e 2a passagem) são 231 jogos, 41 gols, 91 amarelos e 5 vermelhos. Uma presença em campo muito baixa pra alguém que chegou como o craque, camisa 10 do maior campeão nacional e candidato a ídolo. Dos 174 jogos que deixou de atuar, 120 foram por lesão (68,9% das vezes!!!!), 15 por suspensão, 22 por ser poupado ou dispensado pelo técnico e apenas 17 por defender as cores rubras da seleção chilena. Este número mostra que, dos 312 jogos do Palmeiras desde 26 de julho de 2010, Valdívia estava no departamento médico em 38,4% deles. É uma porcentagem extremamente expressiva e que não pode ser ignorada por quem o venera.
Olhando por outro lado, sua genialidade com a bola é inegável. Basta analisar o aproveitamento do time nas poucas vezes que ele estava em campo e todas outras em que ele estava ausente. Com o chileno (ou chinelo, como o chamamos naquele momento de ódio) o Palmeiras conquista 59,4% dos pontos disputados, enquanto, sem o 10, esta porcentagem cai consideravelmente para 50,2%. Ou seja, o Valdívia é destaque e estrela quando joga. E quem fala que é ruim de bola está mentindo. Em campo, com 100% da forma física (o que é muito raro) ele é muito bom e diferenciado.
Uns pensam que ele ri enquanto nos engana. Outros pensam que é apenas um grande azarado. É obvio, torcedor vive de emoções e cada um interpreta à sua da maneira que melhor entende. E cada um tem argumentos se o ama ou o odeia… E agora? Ele escolhe se machucar? Quem gosta de sentir dor? Qual o motivo então por agir de má fé como muitos julgam? Mas porque a maioria das vezes que ele volta coincide com convocações da seleção chilena? Porque no 1o semestre de 2014 jogou muita bola, coincidentemente antes da Copa do Mundo? Mas pera, ele já declarou inúmeras vezes amor ao Palmeiras e disse que no Brasil só joga no maior campeão nacional. Disse também que aceita produtividade. Pediu um time competitivo e não “Valdivia-dependente”, precisando de seus sacrifícios para o time não cair, o que teoricamente foi dado. Até eu escrevendo este texto fiquei confuso….
E agora, Jorgito?
Bom, diante dos fatos e argumentos falados acima, consegui depois de algum tempinho de muita fumaça saindo da cabeça, chegar a um ponto de vista do qual me sinto confortável. Valdívia é um grande jogador e não acho que ele tem culpa em boa parte de suas ausências. Mas isso não quer dizer que eu ache o custo benefício dele vantajoso, e é disso que vive o futebol, não adianta pagar muito por um craque que não joga. Por isso, sou sim a favor da renovação por produtividade (que possa até chegar ao seu salário atual se ele realmente ajudar muito o time e com presença expressiva em campo) e um salário fixo bem, mas beeem abaixo do atual, afinal, sua habilidade e poder de decisão nos jogos são inegáveis e para sua ausência temos boas peças de reposição (ou ele é uma excelente peça de reposição para os que temos). Com isso ele provaria seu amor ao Palmeiras e mostraria que não tem culpa no que acontece ou então deixaria de fazer corpo mole, afinal, seu padrão de vida cairia consideravelmente. Caso contrário, quer reduzir muito pouco o salário, não quer fazer produtividade? Não tenho nem dúvidas…
Tchau e bença.