Oswaldo de Oliveira questiona fórmula mata-mata e defende pontos corridos
As discussões sobre a reimplantação da fórmula de disputa com mata-mata no Campeonato Brasileiro, que vigorou até 2002, voltaram à tona no início de 2015. Após ser sugerida pelo presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, nos primeiros dias de janeiro, a possibilidade teria sido discutida pelos mandatários dos principais clubes brasileiros em reunião na CBF nesta semana, mas ainda divide opiniões. O veterano treinador do Palmeiras, Oswaldo de Oliveira, de 64 anos, se mostrou contrário à ideia.
“Acho que voltar atrás é uma involução, é retroceder no tempo, porque naquela época (início dos anos 2000) nós já passamos por essa situação. Todos os campeonatos do mundo são disputados em pontos corridos. Aqui nós temos outras competições, a própria Copa do Brasil, que é disputada em mata-mata. Nós não precisamos mudar o Campeonato Brasileiro para valorizá-lo ou dar mais emoção, porque já temos emoção na Copa do Brasil, na Libertadores, em alguns estaduais”, argumentou o técnico, em entrevista à ESPN Brasil.
A antiga fórmula de disputa punha todas as equipes participantes (26 na última edição, em 2002) para se enfrentarem em turno único na primeira fase. Os oito primeiros colocados se classificavam, então, para as quartas de final, dando início à fase de mata-mata do torneio. Os defensores da volta do modelo argumentam que o calendário seria aliviado (os times que chegassem à final disputariam 31 jogos, enquanto o atual Brasileirão tem 38 rodadas), e que haveria mais partidas decisivas, portanto mais emoção.
Um dos fatores que contribuíram para a implantação do modelo de pontos corridos foi a lógica de premiar as equipes que tivessem maior regularidade no campeonato. Em 2002, o São Paulo dirigido por Oswaldo de Oliveira terminou a primeira fase disparado na ponta, com cinco pontos a mais que o vice-líder São Caetano, mas caiu nas quartas de final para o oitavo colocado Santos, que se sagraria campeão naquele ano. O treinador, que também passou por situação inversa à frente do Corinthians em 1999, quando a equipe foi campeã liderando de “ponta a ponta”, defende o reconhecimento dos clubes com melhor planejamento e desempenho constante.
“Voltei a trabalhar como treinador no Brasil em 1997. Em 1999, quando estava à frente do Corinthians, era essa a fórmula (mata-mata). Nós conseguimos vencer em 1999, no ano anterior havíamos vencido também. Nas duas ocasiões o Corinthians disparou na frente, ficou em primeiro e conseguiu manter a performance e se sagrar bicampeão. Em 2002, no São Paulo, nós fizemos uma diferença muito grande, ganhando dez jogos em sequência, e contra o Santos acabamos perdendo, porque foi um momento mágico daquela equipe maravilhosa de garotos. Se fizermos uma análise técnica daquele campeonato, foi muito injusto, e foi um motivo para a mudança, já em 2003, para os pontos corridos”, relembra Oswaldo.
O treinador ainda defendeu que o modelo atual do Campeonato Brasileiro não carece de emoção, apesar de o Cruzeiro ter disparado na ponta e conquistado o título com antecedência nos dois últimos anos, situação classificada por ele como eventual. O comandante alviverde ainda ressaltou que há outras disputas interessantes além da briga pela taça na reta final da competição.
“Acho que o Campeonato Brasileiro melhorou muito no geral, com mais equipes disputando. Hoje os times chegam nas últimas rodadas jogando praticamente todas motivadas, seja lutando para não cair, pela Libertadores ou pelo título. O Cruzeiro disparou nos últimos dois anos, mas (a disputa até o fim) é uma situação que pode voltar a acontecer nos próximos anos. Eu acho que o Campeonato Brasileiro está muito bom do jeito que está hoje”, finalizou.
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