Com drone, GPS e novos métodos, clube monta estrutura para monitorar o elenco em tempo real e fazê-lo render ao máximo
Não foi só para contratar jogadores que o Palmeiras investiu neste início de ano. O clube também colocou a mão no bolso para montar uma estrutura tecnológica capaz de otimizar o trabalho de todos os setores: preparação física, fisioterapia, fisiologia, nutrição e, claro, o departamento de futebol.
O coordenador científico Altamiro Bottino foi contratado em janeiro para comandar esta engrenagem. Munido de equipamentos recém-adquiridos, ele mapeia o elenco em seus mínimos detalhes e passa informações minuciosas aos demais profissionais.
– Eu diria que o Palmeiras é inovador porque é o primeiro clube que tem uma ação vinda de todas as direções. Juntos, vamos mudar a história recente do clube. Não tenho a menor dúvida – disse Altamiro
Como o monitoramento é feito em tempo real, o Palmeiras consegue perceber ainda durante um treino se um jogador está sobrecarregado e prestes a “estourar”.
– Não adianta ter o recurso se o treinador for boleiro. Se entender a importância dessa informação, ele faz uso. O Oswaldo é o treinador, nos meus anos de futebol, que mais compreende. Não negligencia nenhuma informação – elogiou Altamiro, que conheceu o técnico no Botafogo.
Diariamente, os jogadores treinam com um chip capaz de medir a força gravitacional que o corpo sofre a cada movimento. O clube está trazendo do exterior um equipamento mais moderno e mais caro, que já foi testado em dois jogos do Paulistão. A ideia é que, até o Brasileiro, seja possível fazer o mesmo monitoramento dos treinos em jogos.
O benefício é que, durante uma partida, a comissão técnica pode usar os dados para interpretar se um jogador está bem inserido no esquema tático. Altamiro conta que, já nesses testes, conseguiu detectar atletas “correndo demais e correndo de menos”. No primeiro caso, o treinador pode notar uma sobrecarga. No outro, não necessariamente trata-se de falta de esforço: o jogador pode estar isolado, recebendo poucas bolas e participando pouco.
Outro equipamento que o clube usará em jogos é o drone, comandado por controle remoto, que sobrevoa o campo e registra imagens em alta definição. Há testes semanais na Academia. O Verdão ainda tenta resolver o problema da bateria do equipamento, que dura apenas 25 minutos em média.
– A ideia é ter a mesma qualidade de imagem em qualquer ambiente. Aqui no CT, seria possível montar uma grua, mas e quando for para fora? Vai transportar essa grua? É possível garantir que usaremos o drone no Allianz Parque, que é nosso. Fora, uma meia dúzia vai tentar derrubar – completou Altamiro.
No máximo a partir do Brasileirão, os jogadores serão monitorados por chips e pelo drone durante os jogos, mas isso pode acontecer só em casa.
– Em viagens, vamos depender muito da logística. A gente vai garantir todas as condições para atender o uso da tecnologia no Allianz Parque. Mas fora não sei. Você tem que chegar mais cedo, o estádio tem que permitir que você monte o circo para fazer a coleta de dados. Vai demandar boa vontade da equipe adversária – explicou Altamiro Bottino.
O excesso de estruturas metálicas na cobertura e na fachada do Allianz Parque preocupava o clube, já que o sinal GPS necessário poderia ser bloqueado. No entanto, os equipamentos foram testados em dois jogos do Paulistão e funcionaram bem.
Confira um bate-bola com o coordenador científico alviverde:
Na prática, qual é sua função?
É fazer com que a informação se distribua em todos os departamentos. Exemplo: o treino aconteceu com os jogadores sendo monitorados. O gasto energético da atividade é de interesse da Alessandra (Favano, nutricionista). Com essa informação, ela consegue quantificar os nutrientes que vai dar para o jogador. O mesmo ocorre com o anti-inflamatório que o médico dá.
As imagens do drone são utilizadas por quais departamentos?
É tático e técnico, porque você vai avaliar os fundamentos. Mas você consegue integrar o sinal de vídeo às outras ferramentas. Vou conseguir integrar o GPS à filmagem e dizer que em determinado momento o sujeito estava correndo a 30 km/h e com 180 batimentos cardíacos por minuto.
Quando você chegou, o Palmeiras tinha uma boa aparelhagem?
Não. O Palmeiras tinha o fator humano, mas faltavam os recursos. Hoje tem. A direção entendeu que não era custo, mas investimento. Já conseguimos, pelo número de lesões baixo e pelo curto tempo que cada um ficou no DM, fazer valer o investimento. Em dois meses…
Os atletas entenderam?
Todos encaram a ferramenta como algo que pode ajudá-los. Nenhum encara o equipamento como dedo-duro, que denuncia o desleixo.
Fonte: Lancenet
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