Revelar jogadores com qualidade e que rendam frutos – esportivos; de marketing e financeiros – ao time, sempre foi, e sempre será, um dos principais pilares na administração dos clubes de futebol.
O maior exemplo atual de sucesso, quando se fala em categorias de base, é o Barcelona. Quando foi campeão da Champions League em 2011, por exemplo, apenas 4 jogadores do elenco não eram formados na Catalunha. Jogadores como: Messi; Iniesta; Xavi; Piqué; Puyol; Busquets, dentre outros, foram revelados nas categorias de base do Barcelona. Vocês já pararam para pensar quanto retorno esportivo, de marketing e financeiro o investimento feito na base deu ao clube?
Se analisarmos em âmbito nacional, podemos citar o Santos, clube que, historicamente, mais sabe trabalhar e colher os frutos com as categorias de base. No ano de 2002 a geração de Robinho e Diego, que ficou conhecida como “meninos da vila”, tirou o Santos de uma longa fila de títulos. Já a geração de Neymar trouxe a tão desejada taça Libertadores.
Tenho uma teoria quanto a este processo de transição entre categoria de base e o profissional. O atleta que sobe, sofre um processo de maturação. Maturação é sinônimo de amadurecimento. A partir do momento em que o jogador atua no time principal e/ou faz parte do elenco, tudo muda na vida do jogador. Suas responsabilidades são dobradas, sua exposição (profissional e pessoal) é infinitamente maior e a cobrança por resultados é proporcional a tudo isto. Por todo este processo, há um requisito fundamental para o clube e torcida colherem os frutos desta revelação: paciência.
Este processo consiste de algumas etapas: integração diária com jogadores já consagrados, contato com a mídia, ser relacionado e fazer parte do banco de reservas, cobrança maior da torcida, entrar em jogos para pegar “cancha” e brigar por posição de titular. Isso demanda tempo. Não são em 3, 4 ou 5 jogos que o jogador já explode e vira o craque que tanto esperamos. E, mesmo após tudo isso, a oscilação é normal e faz parte.
Traçando um paralelo com a vida profissional em outros segmentos: com 17 anos você está se formando no ensino médio, adentrando ao mundo universitário com cerca de 18 anos. Com 18 anos, hoje, muitos jogadores já compõem o time profissional e a pressão por resultados é imensurável.
Atualmente, nossa maior esperança atende pelo nome de Gabriel Jesus, de apenas 17 anos. Carrega uma responsabilidade enorme pelos seus números na base e por ser considerado a grande joia palestrina das últimas décadas.
A torcida palmeirense é impaciente por natureza. Com os jogadores criados na nossa categoria de base, minha sensação, é de que a impaciência é dobrada.
O argumento mais ouvido: nunca revelamos ninguém – além de goleiros. Argumento válido, entretanto, cada caso é um caso. Se formos pensar assim e levarmos tudo a ferro e fogo, que fechemos nossas categorias de base.
Precisamos, primeiramente, acreditar nos nossos valores e na profissionalização que vem sendo feita no departamento de base. Temos tido participações relevantes nos últimos torneios de base. Inclusive, aumentado o número de jogadores convocados para as seleções de base.
Reitero, é necessário darmos este tempo de maturação aos jogadores. Cada jogador tem o seu. Uns são mais resilientes do que outros. O próprio Neymar quando subiu ao profissional, pegou banco com o Luxemburgo.
Isto faz parte do processo de maturação. Ou você acha que jogar para 500 pessoas é igual jogar para 50.000 mil pessoas?