Palmeiras não mantém o mesmo técnico por um ano desde 2011

O último treinador que se manteve no cargo de janeiro a dezembro, na série A, foi Felipão.

Foto: Divulgação/Palmeiras
Felipão comanda treino do Palmeiras em 2010. Foto: Site oficial do clube

Por Vinicius Primazzi

Histórico de demissões

A torcida palmeirense reclama da falta de planejamento da diretoria atual na gestão do clube, comandada pelo presidente Maurício Galliote. Porém, não é de hoje que o torcedor sofre com esse problema, já que é raro ver um treinador que consiga se manter de janeiro a dezembro no comando técnico da equipe alviverde enquanto disputa a série A. O último a conseguir foi Felipão em 2011. Isso se excluirmos a campanha da série B, quando Gilson Kleina também não foi demitido do cargo durante a disputa todo o ano de 2013.

Como se sabe, é fundamental que haja continuidade de trabalho quando se fala em gestão de futebol e projeto de clube vencedor. Ainda que nos títulos recentes do Verdão tenha havido trocas de treinador, é de se imaginar quantos mais o time deixou de vencer por falta de planejamento. Exemplos de gestões de outros clubes, no Brasil e no mundo, que pensaram a longo prazo e colheram os frutos não faltam. Porém, essa não costuma ser a tônica quando se pensa em Palmeiras. Confira abaixo o histórico das gestões e treinadores de 2011 a 2020 que estiveram a frente do maior campeão nacional.

2011

Presidente: Arnaldo Tirone
Técnico: Luiz Felipe Scolari

Em números totais, incluindo todas as competições disputadas no ano, o Palmeiras jogou 69 vezes. Foram 31 vitórias, 23 empates e 15 derrotas.

No Paulistão:
Eliminado na semifinal:
Jogo único – Palmeiras 1 x 1 Corinthians (5 x 6 nos pênaltis)

No brasileiro:
Classificação – 11º lugar
Pontuação: 50 pontos
Felipão – 11 V – 17 E – 10 D

Na Copa do Brasil:
Eliminado nas quartas de final
1º jogo – Coritiba 6 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 2 x 0 Coritiba

Na Copa Sul-Americana:
Eliminado na segunda fase
1º jogo – Vasco 2 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 3 x 1 Vasco

Apesar do ano ruim, sem títulos e com muitas eliminações precoces, a diretoria decidiu pela permanência de Felipão no comando do time.

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Tirone e Felipão em treino do Verdão. Foto: GazetaPress

2012

Presidente: Arnaldo Tirone
Técnicos: Luiz Felipe Scolari, Narciso (interino) e Gilson Kleina

Em números totais, o time contabilizou 74 jogos, com 30 vitórias, 16 empates e 28 derrotas.

No Paulistão:
Eliminado nas quartas de final (Felipão)
Jogo único: Guarani 3 x 2 Palmeiras

No Brasileiro:
Colocação: 18º
Pontuação: 34 pontos
Felipão – 5 V – 5 E – 14 D
Narciso – 1 D
Gilson Kleina – 4 V – 2 E – 7 D

Na Copa do Brasil:
Campeão invicto (Felipão)
1º jogo da final – Palmeiras 2 x Coritiba 0
2º jogo – Coritiba 1 x 1 Palmeiras

Na Copa Sul-Americana:
Eliminado nas oitavas de final (Felipão)
1º jogo – Palmeiras 3 x 1 Millonarios
2º jogo – Millonarios 3 x 0 Palmeiras

Tirone Palmeiras praia (Foto: Pedro Fogaça/Veja.com)
Arnaldo Tirone, então presidente do clube, curte praia no Leblon no dia seguinte à queda. Foto: Pedro Fogaça / Veja.com

Mesmo após ser campeão invicto da Copa do Brasil, a péssima campanha no Brasileirão pesou demais contra Scolari e ele acabou demitido na 24ª rodada. Gilson Kleina e seus comandados não foram capazes de manter o Palmeiras na série A e o clube foi rebaixado para a segunda divisão. Mesmo assim, Kleina permaneceu no cargo.

No dia seguinte à queda, o presidente do clube parecia pouco preocupado e desconexo da realidade e foi visto na praia do Leblon. Na época, sobraram críticas a Tirone.

2013

Presidente: Paulo Nobre
Técnico: Gilson Kleina

Gilson Kleina esteve a frente do time em 68 oportunidades e conseguiu 37 vitórias, 15 empates e 13 derrotas em 2013.

No Paulistão:
Eliminado nas quartas de final:
Jogo único: Santos 1 x 1 Palmeiras (4×2 nos pênaltis)

No brasileiro:
Verdão foi campeão da série B.
Pontuação: 79 pontos
Gilson Kleina – 24 V – 7 E – 7 D

Na Copa do Brasil:
Eliminado nas oitavas de final:
1º jogo – Palmeiras 1 x 0 Atlético Paranaense
2º jogo – Atlético Paranaense 3 x 0 Palmeiras

Na Libertadores:
Eliminado nas oitavas de final:
1º jogo – Tijuana 0 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 1 x 2 Tijuana

Após o título da segunda divisão e o acesso à primeira, a diretoria decidiu manter o técnico na equipe, acreditando na continuidade do trabalho de Kleina para o ano seguinte.

ge على تويتر: "Em homenagem, Palmeiras deve usar camisa amarela contra o  Cruzeiro http://t.co/vc5ejjsS5y http://t.co/UdjJWmfjpE"
Elenco do Palmeiras perfilado em jogo de estreia da camisa amarela, em 2013. Foto: Marcos Riboli

2014

Presidente: Paulo Nobre
Técnicos: Gilson Kleina, Alberto Valentim (interino), Ricardo Gareca e Dorival Júnior

Em 68 jogos disputados, 28 vitórias, 9 empates e 26 derrotas.

No paulistão: (Gilson Kleina)
Eliminado na semifinal
Jogo único: Palmeiras 0 x 1 Ituano

No brasileiro:
Colocação: 16º
Pontuação: 40 pontos
Gilson Kleina –
1 V – 2D
Alberto Valentim –
3 V – 1 E – 2 D
Ricardo Gareca –
1 V – 1 E – 7 D
Dorival Júnior –
6 V – 5 E – 9 D

Na Copa do Brasil: (Alberto Valentim)
Eliminado nas oitavas de final
1º jogo – Palmeiras 0 x 1 Atlético Mineiro
2º jogo – Atlético Mineiro 2 x 0 Palmeiras

Depois de um ano difícil em que o clube se salvou do rebaixamento na última rodada, Dorival Júnior, recém contratado, também foi demitido e não faria parte dos planos da gestão Paulo Nobre para 2015.

Torcida Palmeiras (Foto: Marcos Ribolli)
Comemoração e protesto após a permanência na série A. Foto: Marcos Riboli

2015

Presidente: Paulo Nobre
Técnicos: Oswaldo de Oliveira, Alberto Valentim (interino) e Marcelo Oliveira

No ano inteiro, o Verdão jogou 70 vezes, ganhou 35, empatou 13 e perdeu 22.

No Paulistão: (Oswaldo de Oliveira)
Vice-campeão
1º jogo da final: Palmeiras 1 x 0 Santos
2º jogo: Santos 2 x 1 Palmeiras

No Brasileiro:
Colocação: 9º
Pontuação: 53 pontos
Oswaldo de Oliveira – 1 V – 3 E – 2 D
Alberto Valentim – 1 V
Marcelo Oliveira – 13 V – 5 E – 13 D

Na Copa do Brasil: (Marcelo Oliveira)
Campeão
1º jogo da final – Santos 1 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 2 x 1 Santos (4×3 nos pênaltis)

Zé Roberto ergue a taça de campeão e os jogadores do Palmeiras comemoram a conquista da Copa do Brasil 2015. Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press.
Zé Roberto levanta a taça da Copa do Brasil. Foto: Djalma Vassão

Com o título da Copa do Brasil, Marcelo Oliveira foi mantido como treinador do clube mesmo com muitas críticas da torcida à falta de padrão tático da equipe.

2016

Presidente: Paulo Nobre
Técnicos: Marcelo Oliveira, Alberto Valentim (interino) e Cuca

No ano da conquista do eneacampeonato, foram 53 jogos. Os números são bons: 30 vitórias, 11 empates e 12 derrotas.
No Paulistão: (Cuca)
Eliminado na semifinal:
Jogo único – Santos 2 x 2 Palmeiras (3×2 nos pênaltis)

No Brasileiro:
Campeão
Pontuação: 80 pontos
Cuca:
24 V – 8 E – 6 D

Na Copa do Brasil: (Cuca)
Eliminado nas quartas de final
1º jogo: Grêmio 2 x 1 Palmeiras
2º jogo: Palmeiras 1 x 1 Grêmio

Na Libertadores: (Cuca)
Eliminado na fase de grupos

Após o título brasileiro, que o Palmeiras não conquistava desde 1994, Cuca decidiu não renovar seu contrato para cuidar de sua família.

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Elenco alviverde levanta a taça do Brasileirão 2016. Foto: Site oficial do clube

2017

Presidente: Maurício Galliote
Técnicos: Eduardo Baptista, Cuca e Alberto Valentim

O time disputou 66 jogos. Ganhou 36, empatou 10 e perdeu 20.

No Paulistão: (Eduardo Baptista)
Eliminado na semifinal:
1º jogo – Ponte Preta 3 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 1 x 0 Ponte Preta

No Brasileiro:
Vice campeão.
Pontuação: 63 pontos
Cuca: 27 V – 13 E – 5 D
Alberto Valentim: 11 V – 6 E – 1 D

Na Copa do Brasil: (Cuca)
Eliminado nas quartas de final:
1º jogo – Palmeiras 3 x 3 Cruzeiro
2º jogo – Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras

Na Libertadores: (Cuca)
Eliminado nas oitavas de final:
1º jogo – Barcelona 1 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 1 x 0 Barcelona ( 4 x 5 nos pênaltis)

O ano frustrante acabou de maneira quase melancólica e, de novo, o Palmeiras iria para o ano seguinte sem planejamento a longo prazo, já que não tinha sequer definido o treinador que comandaria o time em 2018.

Jogadores do Palmeiras lamentam eliminação da Libertadores
Time do Palmeiras lamenta eliminação na Libertadores, em 2017. Foto: Getty Images

2018

Presidente: Maurício Galliote
Técnicos: Roger Machado, Wesley Carvalho (interino), Paulo Turra (interino) e Luiz Felipe Scolari

Somadas todas as competições, o maior campeão nacional entrou em campo 74 vezes. Conseguiu 45 vitórias, 18 empates e somente 11 derrotas.

No Paulistão: (Roger Machado)
Vice campeão
1º jogo – Corinthians 0 x 1 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 0 x 1 Corinthians ( 3 x 4 nos pênaltis)

No Brasileiro: (Felipão)
Campeão
Pontuação: 80 pontos
Roger Machado: 7 V – 4 E – 4 D
Wesley Carvalho: 1 V
Felipão: 16 V – 6 E

Na Copa do Brasil: (Felipão)
Eliminado na semifinal:
1º jogo – Palmeiras 0 x 1 Cruzeiro
2º jogo – Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras

Na Libertadores: (Felipão)
Eliminado na semifinal:
1º jogo – Boca Juniors 2 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 2 x 2 Boca Juniors

Confira a festa do decacampeão Palmeiras contra o Vitória - Gazeta Esportiva
Elenco do Palmeiras celebra a conquista do decacampeonato. Foto: Fernando Dantas

2019

Presidente: Maurício Galliote
Técnicos: Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes e Andrey Lopes

O Palmeiras disputou 68 jogos e somou, ao todo, 39 vitórias, 19 empates e 10 derrotas.

No Paulistão:
Eliminado na semifinal:
1º jogo – São Paulo 0 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 0 x 0 São Paulo ( 4 x 5 nos pênaltis)

No Brasileiro:
Colocação:
Pontuação: 74 pontos
Felipão: 9 V 6 E 2 D
Mano Menezes: 9 V 5 E 5 D
Andrey Lopes: 2 V

Na Copa do Brasil:
Eliminado nas quartas de final:
1º jogo – Palmeiras 1 x 0 Internacional
2º jogo – Internacional 1 x 0 Palmeiras (5 x 4 nos pênaltis)

Na Libertadores:
Eliminado nas quartas de final:
1º jogo – Grêmio 0 X 1 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 1 x 2 Grêmio

O cenário de 2017 havia se repetido, para infelicidade dos palmeirenses. O time havia sido campeão brasileiro no ano anterior e, mesmo com elenco reforçado, não conquistou nenhum título. Mais uma vez, era necessário começar o próximo ano em busca de novo treinador. Dessa vez, Galliote prometeu nova filosofia e método de trabalho e demitiu, inclusive, Alexandre Mattos, diretor de futebol desde 2015.

Time do Grêmio comemora o empate no jogo de volta da Libertadores, em 2019. Foto: Rahel Patrasso / REUTERS

2020

Presidente: Maurício Galliote
Técnicos: Vanderlei Luxemburgo

Até o momento da publicação desta matéria, em 16 de outubro de 2020, o Palmeiras já disputou 36 jogos. Foram 17 vitórias, 14 empates e 5 derrotas.

No Paulistão:
Campeão:
1º jogo – Corinthians 0 x 0 Palmeiras
2º jogo – Palmeiras 1 x 1 Corinthians ( 4 x 3 nos pênaltis)

No Brasileiro:
Vanderlei Luxemburgo: 5 V – 7 E – 3 D
Colocação: 7º
Pontuação: 22 pontos

Luxemburgo afirma que quer montar um Palmeiras ofensivo em 2020
Maurício Galliote apresenta Luxemburgo como novo técnico do Palmeiras. Foto: Fabio Menotti


Somente o título estadual não foi o suficiente para Luxa se manter como técnico do Palestra. Ele foi demitido após derrota em casa para o Coritiba, a terceira seguida na competição.

A promessa de Galliote de uma mudança radical em 2020 não se concretizou, e agora o Palmeiras segue novamente em busca de novo treinador.

Até quando os torcedores palmeirenses terão que aguentar tantas trocas de técnicos em tantas e tantas temporadas? Até que ponto somente o técnico tem culpa no cartório? E quem o contrata? Diretores e presidentes raramente vêm a público fazer um mea culpa e, quando o fazem, as coisas nos bastidores não parecem mudar.

Está mais do que na hora de a diretoria colocar em prática um planejamento a longo prazo para, então, formar um time vencedor e competitivo que saiba jogar futebol. Há, porém, algum treinador disponível no mercado capaz de realizar essa mudança? Quem?

Author: Vinícius

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