O terceiro título alviverde da Copa do Brasil foi obtido no Allianz Parque, lotado e fumegante, mas o primeiro passo rumo à taça foi dado muito longe da capital paulista
Na cidade baiana de Vitória da Conquista, a cerca de 1.200 km da Academia de Futebol, a saga palestrina começou:
1ª fase: Vitória da Conquista (BA)
Era o já distante 4 de março de 2015. O técnico ainda era Oswaldo de Oliveira. E o Palmeiras não tomou conhecimento do time homônimo do município, que havia sido terceiro colocado no Baiano de 2014 e campeão da Copa Governador do Estado da Bahia também na temporada anterior: vitória por 4 a 1, gols de Cristaldo, Allione, Robinho e Dudu.
O triunfo por mais de dois gols de diferença na casa do adversário dispensou a necessidade do jogo da volta, e o Verdão avançou direto à segunda fase da competição.
2ª fase: Sampaio Corrêa (MA)
Quase dois meses depois, no dia 29 de abril, o Alviverde voltou a campo, agora em São Luis-MA, para enfrentar o Sampaio Corrêa, adversário que havia sido eliminado pelo clube em 2014, também na segunda fase.
Com um time alternativo (o então reserva Gabriel Jesus foi titular, por exemplo, e o meia Juninho entrou no segundo tempo), o Verdão saiu atrás do placar, mas igualou com o oportunista “Churry” Cristaldo e garantiu o empate final por 1 a 1.
O segundo duelo foi no dia 12 de maio, na casa palestrina. O Palmeiras tomou um susto ao ir para o intervalo perdendo por 1 a 0. Mas, com os ânimos ajustados, a equipe se encaixou e aplicou outra goleada: 5 a 1, com tentos de Vitor Hugo, Cristaldo, Zé Roberto (duas vezes) e Kelvin.
3ª fase: ASA (AL)
Por sorteio, o Palmeiras iniciou a terceira fase, ante o ASA-AL, como mandante, no dia 27 de maio. Em uma noite em que as coisas não deram certo, o empate sem gols no Allianz Parque deixou o torcedor apreensivo, afinal o rival alagoano não trazia boas lembranças.
As vaias do fim do primeiro jogo, porém, transformaram-se em crença no confronto da volta (no dia 15 de julho). Crença no time, agora sob a batuta de Marcelo Oliveira. Crença no camisa 33, o menino Gabriel Jesus, que, após jogada de Cleiton Xavier, marcou o seu primeiro gol pelo Verdão. O gol da vitória e da classificação. A partida, vendida pelos alagoanos, foi em Londrina-PR, reduto palestrino no Sul do país.
Oitavas de final: Cruzeiro (MG)
A fase seguinte do torneio teve a inclusão dos clubes que haviam disputado a Copa Libertadores no primeiro semestre, e o oponente do Palmeiras foi o Cruzeiro. O embate foi um tira-teima. Se em 1996 o Verdão perdera a final para os mineiros, em 1998, com o espírita gol de Oséas, o troco foi dado.
No primeiro encontro, no Allianz Parque, no dia 19 de agosto, o Palmeiras venceu por 2 a 1. Cleiton Xavier, após linda assistência de Barrios, abriu o marcador. A Raposa até empatou no segundo tempo, mas Rafael Marques definiu.
Na semana seguinte, mesmo com a pressão do Mineirão, foram 45 minutos de gala e bom futebol. Com Gabriel Jesus endiabrado, o Alviverde, que caiu de produção na etapa complementar, venceu por 3 a 2 e carimbou vaga nas quartas com tranquilidade (o primeiro tempo acabou 3 a 0). O jovem atacante anotou dois golaços e Barrios guardou um – o primeiro dele com a camisa do Verdão.
Quartas de final: Internacional (RS)
Nas quartas, o Internacional, outro rival advindo da Libertadores. Na verdade, o time brasileiro que havia ido mais longe (semifinal). No primeiro embate, no dia 23 de setembro, em Porto Alegre-RS, mais uma vez o Palmeiras fez um ótimo primeiro tempo longe de seus domínios. Desta vez, no entanto, não fez gol (além do pênalti perdido por Barrios, o time chegou outras vezes com perigo). E isso custou caro.
No segundo tempo, os gaúchos abriram o placar com um chute de longa distância. 1 a 0 para o Colorado. Desespero no Palmeiras? Nada disso. O time manteve a cabeça no lugar e Rafael Marques, aos 27 minutos do segundo tempo, deixou tudo igual.
Na semana seguinte, o Allianz Parque se encheu novamente. E o time correspondeu. 2 a 0 nos primeiros 45 minutos, com gols de Vitor Hugo e Zé Roberto. Mas no segundo tempo, ao contrário da postura no Sul, o Verdão se perdeu e viu o Inter empatar. Aos 28 minutos, o time estava eliminado. Era o fim do sonho. Foi então que apareceu Andrei Girotto. Após cruzamento de Allione, o volante se antecipou e desferiu uma cabeçada fulminante. Transe na zona oeste de São Paulo. Alegria no gramado.
Semifinal: Fluminense (RJ)
O destino seguinte foi o Rio de Janeiro-RJ para encarar o Fluminense. No primeiro tempo daquele 21 de outubro, o Verdão cometeu muitos erros e foi para o vestiário do Maracanã derrotado por 2 a 0 e desestabilizado. A conversa no intervalo, porém, surtiu efeito e, com experiência e inteligência, o Alviverde descontou, com Zé sofrendo e convertendo pênalti. O gol fora de casa manteve o clube no páreo.
Sete dias depois, no Allianz Parque, Barrios voltou a usar a sua veste de carrasco – no Brasileiro, o paraguaio havia marcado três gols na goleada palestrina por 4 a 1 sobre o mesmo Fluminese. Matador, o camisa 8 anotou mais dois e colocou o time à beira da decisão: 2 a 0. Mas faltava emoção. Fred marcou para os cariocas. Prass fez um milagre nos minutos derradeiros. A partida foi para os pênaltis.
Gol de Rafael Marques. Gol de Jean. Gol de Jackson. Gustavo Scarpa bate e Fernando Prass defende. Herói contra o Corinthians na semi do Paulista, o camisa 1 deu mais um passo rumo à santidade. Gol de Cristaldo. Gum isola. Gol de Allione e vaga carimbada na final. O maior campeão nacional teria a chance de conquistar a Copa do Brasil pela terceira vez.
Final: Santos (SP)
Finalista da Copa do Brasil, o Palmeiras perdeu o fôlego no Brasileiro e ficou longe do G-4. Assim, o foco era total na decisão, e o primeiro encontro foi na Vila Belmiro no dia 25 de novembro. Decisivo na campanha, Gabriel Jesus era uma esperança. Mas, logo nos primeiros minutos, sofreu uma lesão no ombro após falta violenta e saiu de campo.
Em casa, o Santos dominou, criou chances, mas parou em Fernando Prass. O goleiro alviverde só não conseguiu evitar o gol de Gabriel, aos 33 minutos do segundo tempo. O empate sem gols seria ótimo. A derrota mínima doeu, principalmente pelos erros de arbitragem, mas não matou os palmeirenses. Na quarta seguinte, a conversa seria outra. Seria lá em casa. A torcida pedia: “Queremos a Copa”.
A partida decisiva não poderia ser mais emocionante: após um primeiro tempo sem gols, no segundo o Palmeiras abriu 2 a 0, mas viu o Santos descontar no final. Em mais uma disputa de pênaltis, o Verdão mostrou sua força e, com Fernando Prass convertendo a batida derradeira, o time palestrino pôde comemorar pela terceira vez o título da Copa do Brasil.